terça-feira, 29 de maio de 2012

Tribunal de Nuremberg - Filme completo


A questão Ética e Bioética no Julgamento de Nuremberg: uma abordagem sobre a ética da vida dentro do paradigma utilitarista O filme o Julgamento de Nuremberg conta a história do julgamento em 1948 dos líderes nazistas pelos crimes na 2ª Guerra Mundial de uma maneira fria, cruel e muito elucidante dos trágicos eventos ocorridos na Alemanha e os supostos responsáveis pelo maior crime contra a pessoa humana que o mundo conheceu: os extermínios nazista e os horrores de Auschwitz. O extermínio nazista foi um dos maiores atentados da história contra a ética, a justiça e contra a vida. Sob a doutrina racista do III Reich, mais de 6 milhões de pessoas perderam a dignidade e a vida nos campos de concentração, que foram preparados para matar em escala industrial. Para os nazistas, todos aqueles que não possuíam sangue ariano não deveriam ser tratados como seres humanos dignos de viver. Procuraram exterminá-los. A política nazista de extermínio, visou especialmente os judeus, mas não poupou também ciganos, negros, homossexuais, comunistas e doentes mentais. Estima-se que aproximadamente 6 milhões de judeus foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial, o que representava na época cerca de 60% da população judaica na Europa. O Tribunal de Nuremberg estimou em aproximadamente 275 mil alemães considerados doentes incuráveis que foram executados sob a ideologia nazista de uma "raça pura" e superior. O regime nazista e a política de extermínio começou logo após a ascensão de Hitler ao poder, em janeiro de 1933. Ele extinguiu partidos políticos, instalou o "monopartidarismo" e passou a agir duramente contra os opositores do regime, que eram levados a campos de concentração. Também nesse período, livros de autores judeus e comunistas - entre eles, obras de grandes inteligência como: Sigmund Freud, Karl Marx e Albert Einstein - foram queimados em praça pública. Tudo em nome da ignorância e da obscuridade. Muitas mentes célebres da Ciência, da Literatura e da Filosofia fugiram do país. Um fato lamentável e digno de repúdio pela justiça e pela "ética da vida" é que muitas "mentes privilegiadas" da Ciência colaboraram com o regime nazista. A maioria dos médicos alemães tornaram-se fiéis ao regime nazista, aderindo a suas práticas discriminatórias e cooperando com Hitler em realizar a "purificação" da raça ariana. No filme, o Julgamento de Nuremberg, o juiz Dan Haywood (Spencer Tracy, 1900-1967), morador do pequeno Estado do Maine, interior dos Estados Unidos, é designado para chefiar o Julgamento devido à recusa de vários juízes renomados. Em toda a sua estada em Nuremberg, Haywood procura esclarecer fatos e dúvidas e ouve muitas histórias do período negro da história mundial. O juiz Haywood vive o dilema de julgar um dos maiores casos da história sem se deixar levar por emoções ou opiniões próprias. A história ganha veracidade e força com cenas maravilhosas de tribunal. Em uma delas é exibido um filme avassalador que relembra os momentos de sofrimento e barbárie que sofreram os judeus nos campos de concentração, especificamente em Dachau e Belsen Buchenwald. São imagens fortíssimas de pessoas vivendo em condições sub-humanas aguardando serem assassinadas em grandes fornos ou em chuveiros que emitiam gases letais. Dois terços dos judeus da Europa foram exterminados pelos alemães, de todos os países, principalmente, Holanda, França, Eslováquia, Grécia, Alemanha, Hungria e Polônia. Outra forma desumana encontrada pelo governo alemão de punir os "não aptos" foi a esterilização sexual. Pessoas comuns ficavam impossibilitadas de reproduzirem e os traumas eram irreparáveis. O grande dilema que persistia naquele momento singular da história mundial, pode ser percebido nos constantes questionamentos e comentários dos personagens ao longo do filme, como por exemplo: "...o mais importante é sobreviver, não é? Dá melhor forma possível, massobreviver.", dita pelo Brigadeiro Gal. Matt Merrin. São cenas chocantes que retratam o maior atentado contra a pessoa humana e a luta das pessoas para preservar a sua própria vida dos horrores nazista. As vítimas do extermínio nazista, em maior número eram judeus, mas qualquer elemento considerado inútil ou contrário ao regime era segregado da sociedade pela política de purificação da raça ariana, conduzida ao extremo pela obstinação de Hitler e seus colaboradores que feriram a ética e a dignidade da vida humana.

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domingo, 27 de maio de 2012

Como utilizar as tecnologias na escola


José Manuel Moran (Especialista em mudanças na educação presencial e a distância)  [*]
 

  1. 1.  Tecnologias para organizar a informação
Do ponto de vista metodológico, o educador precisa aprender a equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Uma das dimensões fundamentais do ato de educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de informações que temos, organizá-las numa síntese coerente, mesmo que momentânea, compreendê-las. Compreender é organizar, sistematizar, comparar, avaliar, contextualizar. Uma segunda dimensão pedagógica procura questionar essa compreensão, criar uma tensão para superá-la, para modificá-la, para avançar para novas sínteses, outros momentos e formas de compreensão. Para isso, o professor precisa questionar, criar tensões produtivas e provocar o nível da compreensão existente.

No planejamento didático, predomina uma organização fechada e rígida quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional. O professor que “dá tudo mastigado” para o aluno, de um lado, facilita a compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o conhecimento de mundo que ele tem.

Predomina a organização aberta e flexível no planejamento didático, quando o professor trabalha a partir de experiências, projetos, novos olhares de terceiros: artistas, escritores... etc. Em qualquer área de conhecimento, podemos transitar entre uma organização inadequada da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há atividades que facilitam a má organização, e outras, a superação dos métodos conservadores. O relato de experiências diferentes das do grupo ou, uma entrevista polêmica podem desencadear novas questões, expectativas, desejos. E há também relatos de experiências ou entrevistas que servem para confirmar nossas idéias, nossas sínteses, para reforçar o que já conhecemos. Precisamos saber escolher aquilo que melhor atende ao aluno e o traz para uma contemporaneidade.

Há professores que privilegiam a organização questionadora, o questionamento, a superação de modelos e não chegam às sínteses, nem mesmo parciais, provisórias. Vivem no incessante fervilhar de provocações, questionamentos, novos olhares. Nem o sistematizador nem o questionador podem prevalecer no conjunto. É importante equilibrar organização e inovação; sistematização e superação.


  1. 2.    Tecnologias para ajudar na pesquisa
A matéria prima da aprendizagem é a informação organizada, significativa: a informação transformada em conhecimento. A escola pesquisa a informação pronta, já consolidada e a informação em movimento, em transformação, que vai surgindo da interação, de novos fatos, experiências, práticas, contextos. Existem áreas com bastante estabilidade informativa: fatos do passado, que só se modificam diante de alguma nova evidência. E existem áreas, as mais ligadas ao cotidiano, que são altamente susceptíveis de mudança, de novas interpretações.
As tecnologias nos ajudam a encontrar o que está consolidado e a organizar o que está confuso, caótico, disperso. Por isso é tão importante dominar ferramentas de busca da informação e saber interpretar o que se escolhe, adaptá-lo ao contexto pessoal e regional e situar cada informação dentro do universo de referências pessoais.
Muitos se satisfazem com os primeiros resultados de uma pesquisa. Pensam que basta ler para compreender. A pesquisa é um primeiro passo para entender, comparar, escolher, avaliar, contextualizar, aplicar de alguma forma.

Cada vez temos mais informação e não necessariamente mais conhecimento. Quanto mais fácil é achar o que queremos, mais tendemos a acomodar-nos na preguiça dos primeiros resultados, na leitura superficial de alguns tópicos, na dispersão das muitas janelas que abrimos simultaneamente.

Hoje consumimos muita informação Não quer dizer que conheçamos mais e que tenhamos mais sabedoria - que é o conhecimento vivenciado com ética, praticado. Pela educação de qualidade avançamos mais rapidamente da informação para o conhecimento e pela aprendizagem continuada e profunda chegamos à sabedoria.

O foco da aprendizagem é a busca da informação significativa, da pesquisa, o desenvolvimento de projetos e não predominantemente a transmissão de conteúdos específicos. As aulas se estruturam em projetos e em conteúdos. A Internet está se tornando uma mídia fundamental para a pesquisa. O acesso instantâneo a portais de busca, a disponibilização de artigos ordenados por palavras-chave facilitaram em muito o acesso às informações necessárias. Nunca como até agora professores, alunos e todos os cidadãos possuíram a riqueza, variedade e acessibilidade de milhões de páginas WEB de qualquer lugar, a qualquer momento e, em geral, de forma gratuita.

O educador continua sendo importante, não como informador nem como papagaio repetidor de informações prontas, mas como mediador e organizador de processos. O professor é um pesquisador – junto com os alunos – e articulador de aprendizagens ativas, um conselheiro de pessoas diferentes, um avaliador dos resultados. O papel dele é mais nobre, menos repetitivo e mais criativo do que na escola convencional.

Os professores podem ajudar os alunos incentivando-os a saber perguntar, a enfocar questões importantes, a ter critérios na escolha de sites, de avaliação de páginas, a comparar textos com visões diferentes. Os professores podem focar mais a pesquisa do que dar respostas prontas. Podem propor temas interessantes e caminhar dos níveis mais simples de investigação para os mais complexos; das páginas mais coloridas e estimulantes para as mais abstratas; dos vídeos e narrativas impactantes para os contextos mais abrangentes e assim ajudar a desenvolver um pensamento arborescente, com rupturas sucessivas e uma reorganização semântica contínua.

Entre as iniciativas de disponibilização de materiais educacionais para pesquisa destaca-se o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) de Chicago, que oferece todo o conteúdo dos seus cursos em várias línguas, facilitando o acesso de centenas de milhares de alunos e professores a materiais avançados e sistematizados, disponíveis on-line http://www.universiabrasil.net/mit/ [1]

Alunos, professores, a escola e a comunidade se beneficiam. Atualmente, a maior parte das teses e dos artigos apresentados em congressos estão publicados na Internet. O estar no virtual não é garantia de qualidade (esse é um problema que dificulta a escolha), mas amplia imensamente as condições de aprender, de acesso, de intercâmbio, de atualização. Tanta informação dá trabalho e nos deixa ansiosos e confusos. Mas é muito melhor do que acontecia antes da Internet, quando só uns poucos privilegiados podiam viajar para o exterior e pesquisar nas grandes bibliotecas especializadas das melhores universidades. Hoje podemos fazer praticamente o mesmo sem sair de casa.

A variedade de informações sobre qualquer assunto, num primeiro momento, fascina, mas, ao mesmo tempo, traz inúmeros novos problemas: O que pesquisar? O que vale a pena acessar? Como avaliar o que tem valor e o que deve ser descartado?. Essa facilidade costuma favorecer a preguiça do aluno, a busca do resultado pronto, fácil, imediato, chegando até à apropriação do texto do outro. Além da facilidade de “copiar e colar”, o aluno costuma ler só algumas frases mais importantes e algumas palavras selecionadas, dificilmente lê um texto completo.

Jakob Nielsen e John Morkes constaram em uma pesquisa que 79 % dos usuários de Internet sempre lêem palavras ou trechos escolhidos, através de títulos atrativos, enquanto somente 16 % se detêm na leitura do texto completo  [2] .Na França: 85% dos alunos de ensino fundamental (8ª série) se contentam com os resultados trazidos pelo primeiro site de busca consultados e somente lêem rapidamente os primeiros três resultados trazidos. Isto quer dizer que a maior parte dos alunos procura o que é mais fácil, o imediato e o lê de forma fragmentada, superficial. E quanto mais possibilidades de informação, mais rapidamente tendemos a navegar, a ler pedaços de informação, a passear por muitas telas de forma superficial.

Por isso, é importante que alunos e professores levantem as principais questões relacionadas com a pesquisa: Qual é o objetivo da pesquisa e o nível de profundidade da pesquisa desejado? Quais são as “fontes confiáveis” para obter as informações? Como apresentar as informações pesquisadas e indicar as fontes de pesquisa nas referências bibliográficas? Como avaliar se a pesquisa foi realmente feita ou apenas copiada?

 Umas das formas de analisar a credibilidade do conteúdo da sua pesquisa é verificar se ele está dentro de um portal educacional, no site de uma universidade ou em qualquer outro espaço já reconhecido. E verificar também a autoria do artigo ou da reportagem.
Pensando mais nos usuários jovens e adultos, Nilsen e Morkes propõem algumas características que uma página da WEB precisa apresentar para ser efetivamente lida e pesquisada:

- palavras-chave realçadas (links de hipertexto, tipo de fonte e cor funcionam como realce);
- sub-títulos pertinentes (e não "engraçadinhos");
- listas indexadas;
- uma informação por parágrafo (os usuários provavelmente pularão informações adicionais, caso não sejam atraídos pelas palavras iniciais de um parágrafo);
- estilo de pirâmide invertida, que principia pela conclusão;
- metade do número de palavras (ou menos) do que um texto convencional. A credibilidade é importante para os usuários da WEB, porque nem sempre se sabe quem está por trás das informações nem se a página pode ser digna de confiança. Pode-se aumentar a credibilidade através de gráficos de alta qualidade, de um texto correto e de links de hipertexto apropriados. É importante colocar links que conduzam a outros sites, que comprovem que há pesquisa por trás e que dêem sustentação para que os leitores possam checar as informações dadas.

Os usuários não valorizam as afirmações exageradas e subjetivas (tais como "o mais vendido") tão predominante na WEB hoje em dia. Os leitores preferem dados precisos. Além disso, a credibilidade é afetada quando os usuários conseguem perceber o exagero.

Além do acesso aos grandes portais de busca e de referência na educação, uma das formas mais interessantes de desenvolver pesquisa em grupo na Internet é o webquest  .

O conceito de Webquest foi criado em 1995, por Bernie Dodge, professor da universidade estadual da Califórnia, EUA, como proposta metodológica para usar a Internet de forma criativa  [3] . Dodge a define assim a Webquest: "É uma atividade investigativa em que alguma ou toda a informação com que os alunos interagem provém da Internet." Em geral, uma Webquest é elaborada pelo professor, para ser solucionada pelos alunos, reunidos em grupos.  [4]

A Webquest sempre parte de um tema e propõe uma tarefa, que envolve consultar fontes de informação especialmente selecionadas pelo professor. Essas fontes (também chamadas de recursos) podem ser livros, vídeos, e mesmo pessoas a entrevistar, mas normalmente são sites ou páginas na WEB. É comum que a tarefa exija dos alunos a representação de papéis para promover o contraste de pontos de vista ou a união de esforços em torno de um objetivo.
Bernie Dodge divide a Webquest em dois tipos, ligados à duração do projeto e à dimensão de aprendizagem envolvida:

Webquest curta - leva de uma a três aulas para ser explorada pelos alunos e tem como objetivo a aquisição e integração de conhecimentos.

Webquest longa - leva de uma semana a um mês para ser explorada pelos alunos, em sala de aula, e tem como objetivo a extensão e o refinamento de conhecimentos. 

Resolver uma Webquest é um processo de aprendizagem interessante, porque envolve pesquisa e leitura; interação e colaboração e criação de um novo produto a partir do material e idéias obtidas.
A webquest propicia a socialização da informação: por estar disponível na Internet, pode ser utilizada, compartilhada e até reelaborada por alunos e professores de diferentes partes do mundo. O problema da pesquisa não está na Internet, mas na maior importância que a escola dá ao conteúdo programático do que à pesquisa como eixo fundamental da aprendizagem.


  1. 3.    Tecnologias para comunicação e publicação
Os alunos gostam de se comunicar pela Internet. As páginas de grupos na Internet permitem o envio de correio eletrônico e seu registro numa página WEB. Tem ferramentas de discussão on line (chat) e off-line (fórum).  O chat ou outras formas de comunicação on-line são ferramentas muito apreciadas pelos alunos e bastante desvalorizadas pelos professores. Alega-se a dispersão (em geral, real) e o não aprofundamento das questões. Mas há a predisposição dos alunos para a conversa on-line. Faz parte dos seus hábitos na Internet. Com as novas soluções, como o videochat, o chat com voz e algumas formas de gerenciamento podem ser muito úteis em cursos semi-presenciais e a distância.

A escola, com as redes eletrônicas, abre-se para o mundo; o aluno e o professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias e agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente.

Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, em que os alunos organizam o que produzem e o colocam à disposição para consultas, é cada vez mais utilizado. Os blogs, fotologs e videologs são recursos muito interativos de publicação, com possibilidade de fácil atualização e de participação de terceiros. São páginas na Internet, fáceis de se desenvolver, e que permitem a participação de outras pessoas. Começaram no “modo texto”, depois evoluíram para a apresentação de fotos, desenhos e outras imagens e, atualmente, estão na fase do vídeo. Professores e alunos podem gravar vídeos curtos, com câmeras digitais, e disponibilizá-los como ilustração de um evento ou pesquisa.

Os blogs, flogs (fotologs ou videologs) são utilizados mais pelos alunos do que pelos professores, principalmente como espaço de divulgação pessoal, de mostrar a identidade, onde se misturam narcisismo e exibicionismo, em diversos graus. Atualmente, há um uso crescente dos blogs por professores dos vários níveis de ensino, incluindo o universitário. Eles permitem a atualização constante da informação, pelo professor e pelos alunos, favorecem a construção de projetos e pesquisas individuais e em grupo, e a divulgação de trabalhos. Com a crescente utilização de imagens, sons e vídeos, os flogs têm tudo para explodir na educação e se integrarem com outras ferramentas tecnológicas de gestão pedagógica. As grandes plataformas de educação à distância ainda não descobriram e incorporaram o potencial dos blogs e flogs.

A possibilidade de os alunos se expressarem, tornarem suas idéias e pesquisas visíveis, confere uma dimensão mais significativa aos trabalhos e pesquisas acadêmicos. “São aplicativos fáceis de usar que promovem o exercício da expressão criadora, do diálogo entre textos, da colaboração”, explica Suzana Gutierrez, da UFRGS. “Blogs possuem historicidade, preservam a construção e não apenas o produto (arquivos); são publicações dinâmicas que favorecem a formação de redes”.  [5]

"Os weblogs abrem espaço para a consolidação de novos papéis para alunos e professores no processo de ensino-aprendizagem, com uma atuação menos diretiva destes e mais participante de todos." A professora Gutiérrez lembra que os blogs registram a concepção do projeto e os detalhes de todas as suas fases, o que incentiva e facilita os trabalhos interdisciplinares e transdisciplinares. "Pode-se assim, dar alternativas interativas e suporte a projetos que envolvam a escola e até famílias e comunidade."  [6] Os blogs também são importantes para aprender a pesquisar juntos e a publicar os resultados.

Há diferentes tipos de blogs educacionais: produção de textos, narrativas, poemas, análise de obras literárias, opinião sobre atualidades, relatórios de visitas e excursões de estudos, publicação de fotos, desenhos e vídeos produzidos por alunos. A organização dos textos pode ser feita através de algumas ferramentas colaborativas como o Wiki, que é um software que permite a edição coletiva dos documentos usando um sistema simples de escrita e sem que o conteúdo tenha que ser revisado antes da sua publicação. A maioria dos wikis são abertos a todo o público ou pelo menos a todas as pessoas que têm acesso ao servidor wiki.  [7]

A Internet tem hoje inúmeros recursos que combinam publicação e interação, por meio de listas, fóruns, chats, blogs. Existem portais de publicação mediados, em que há algum tipo de controle, e outros abertos, baseados na colaboração de voluntários. O site www.wikipedia.org/ apresenta um dos esforços mais notáveis, no mundo inteiro, de divulgação do conhecimento. Milhares de pessoas contribuem para a elaboração de enciclopédias sobre todos os temas, em várias línguas. Qualquer indivíduo pode publicar e editar o que as outras pessoas escreveram. Só em português foram divulgados mais de 30 mil artigos na wikipedia. Com todos os problemas envolvidos, a idéia de que o conhecimento pode ser co-produzido e divulgado é revolucionária e nunca antes havia sido tentada da mesma forma e em grande escala. Aqui, contudo, professores e alunos precisam validar a fonte, pois algumas vezes há informações incorretas.

Outro recurso popular na educação é a criação de arquivos digitais sonoros, programas de rádio na Internet ou PodCasts.  São arquivos digitais, que se assemelham a programas de rádio e podem ser baixados da internet usando a tecnologia RSS[9], que "avisa" quando há um novo episódio colocado na rede e permite que ele seja baixado para o computador. Há podcasts em todas as áreas [8]  [9]

São muitas as possibilidades de utilização dos blogs na escola. Primeiro, pela facilidade de publicação, que não exige nenhum tipo de conhecimento tecnológico dos usuários, e segundo, pelo grande atrativo que estas páginas exercem sobre os jovens. "É preciso apenas que os professores se apropriem dessa linguagem e explorem com seus alunos as várias possibilidades deste novo ambiente de aprendizagem. O professor não pode ficar fora desse contexto, deste mundo virtual que seus alunos dominam. Mas cabe a ele direcionar suas aulas, aproveitando o que a internet pode oferecer de melhor", afirma a educadora Gládis Leal dos Santos.  [10]
Palloff e Pratt  [11] afirmam que as chaves para a obtenção de uma aprendizagem em comunidade, bem como uma facilitação on-line bem sucedida, são simples, tais como: honestidade, correspondência, pertinência, respeito, franqueza e autonomia, elementos sem os quais não há possibilidade de se atingir os objetivos de ensino propostos.

Este texto faz parte do meu livro A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá (4ª ed, Papirus, 2009, p. 101-111)

 [1] Os cursos do MIT disponibilizados em inglês estão em  http://ocw.mit.edu/OcwWeb/index.htm

 [2] Jakob NIELSEN. Como os Usuários Lêem na Web. Revista eletrônica Conecta, 22/02/2003. Disponível em http://www.revistaconecta.com/conectados/nielsen_como_usuarios.htm

 [3] Uma das formas de organizar pesquisas em grupos de forma colaborativa é utilizando o Webquest, criado por Bernie Dodge, da Universidade de São Diego. Páginas interessantes sobre o essa metodologia estão em www.webquest.futuro.usp.br, webquest.sp.senac.br/ e   www.sgci.mec.es/br/cv/webquest. 

 [4] Veja a nota anterior sobre os endereços do WEBQUEST na Internet.

 [5] Vale a pena ler o capítulo "Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente" do livro Novas tecnologias e mediação pedagógica de José Manuel MORAN, Marcos MASETTO e

Marilda BEHRENS. 12ª ed.Campinas: Papirus, 2006. Também é interessante o livro de Goéry Delacôte, Enseñar y aprender com nuevos métodos. Barcelona, Gedisa editorial, 1996.

 [6] Priscilla Brossi GUTIERREZ. Blogs na sala de aula; Cresce o uso pedagógico da ferramenta de publicação de textos na Internet.In

[7]Blogs como ferramentas pedagógicas.In


[9] Através de um arquivo RSS os autores desses programas de rádio caseiros disponibilizam aos seus "ouvintes" possibilidade de ouvir ou baixar os novos "programas", utilizando softwares como o Ipodder é possível baixar os novos programas automaticamente, até mesmo sem precisar acessar o site do autor, podendo gravá-los depois em aparelhos de mp3, CDs ou DVDs e ouvir quando quiser.

 [10] Blogs como ferramentas pedagógicas.  Acessível em:

[11] Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. p192-194.


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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Situação da adolescência brasileira em 2011 (Unicef)

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Quanto custa seu filho?



Gilberto Dimenstein
Um dos maiores disparates sociais brasileiros, divulgado na semana passada, custa R$ 7.000 por mês. Poucas cifras revelam com tanta precisão o desperdício de recursos públicos -e o perigo das ruas.
Um estudo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos informou que o custo para manter uma criança ou adolescente infrator internado chega, em alguns Estados, até a R$ 7.000 mensais. Essa quantia seria suficiente para manter um jovem em uma escola de elite suíça.
O gasto médio no país, de acordo com o estudo, é de R$ 4.000, aproximadamente quatro vezes o valor de uma mensalidade nas melhores escolas de ensino médio do Brasil. Dinheiro que, muitas vezes, é jogado fora. A taxa de reincidência é alta e, pior, frequentemente a internação serve de estágio de aperfeiçoamento "profissional" no crime.
Um dispêndio de R$ 7.000 é muito alto? A verdade dura de dizer e incômoda de ouvir é que ainda é pouco para recuperar um jovem contaminado pela delinquência.
Faça as contas.
Pais de classe média alta sabem como sai caro tratar corretamente um filho com dificuldade de aprendizado, mesmo suave: além de mensalidade escolar, exigem-se professores particulares, psicólogos ou psicopedagogos. Levando em conta todas as despesas educacionais -incluindo, por exemplo, material didático, livros, aulas de inglês-, o gasto final ultrapassa R$ 3.000 mensais.
Se o adolescente tiver associados à deficiência de aprendizado problemas de depressão ou decorrentes do consumo de drogas, demandando uma terapia mais intensa, o dispêndio facilmente atingirá os R$ 4.000.
Existem mais valores embutidos nessa soma. Crianças e adolescentes de classe média desfrutam de museus, teatros, cinemas, livros, exposições, o que, obviamente, não é de graça. Há também um valor inestimável e, claro, um dos mais importantes: o apoio da família, que os ajuda a desenvolver um projeto de vida.
Imagine, então, a dificuldade de recuperar um jovem de baixa escolaridade, contaminado pelas drogas, filho de uma família desestruturada, que vive em comunidades onde os traficantes são heróis e os policiais são corruptos e onde, além disso, impera o desemprego.
Vivemos numa sociedade que já começa a exigir de faxineiros um diploma de segundo grau (e sem exagero) e que, ao mesmo tempo, oferece a um professor universitário em início de carreira menos de R$ 3.000 mensais. Em contrapartida, um iniciante no tráfico consegue faturar, por mês, R$ 1.500 numa favela do Rio de Janeiro ou de São Paulo.
A verdade -que, mais uma vez, quase ninguém gosta de reconhecer- é que, exceções à parte, não existem recursos suficientes para recuperar adequadamente jovens depois de determinado estágio de delinquência, tantos são os focos a serem atacados ao mesmo tempo. A sociedade trata de exterminá-los -seja pelo homicídio, seja pelas doenças- do jeito mais "barato".
Dois dias depois da divulgação do estudo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, divulgou-se, com mais precisão, o tamanho do problema. Um documento do Unicef informou que, dos 21 milhões de jovens brasileiros de 12 a 17 anos, 8 milhões (38%) vivem em áreas de risco.
Eis a matemática do terror infanto-juvenil: 1,3 milhão de jovens, entre aqueles 8 milhões, são analfabetos ou semi-analfabetos; 3 milhões deles não estão na escola; 2 milhões, que estão na faixa etária de dez a 14 anos, estudam e trabalham; 3,2 milhões, com idades entre 15 e 17 anos, somente trabalham. Aí estão os candidatos a viver na fronteira da irreversibilidade.
O tema da segurança encheu os discursos de campanha nas últimas eleições. Mas, desde a vitória de Lula, fala-se, basicamente, da governabilidade política e econômica, e não da governabilidade das ruas.
Como se viu com mais clareza na semana passada, o interesse está focado em quem adere ao novo governo (e no que ganha para aderir), em quem vai comandar a economia e em quais serão as estratégias macroeconômicas -por aí, e não pelos discursos, é que se mede a prioridade da elite. Vigora a antiga lógica de que o econômico está acima do social.
Até agora não se acenou com uma só proposta para evitar que um adolescente custe aos cofres públicos R$ 7.000 por mês, não seja recuperado e ainda se torne mais ameaçador.
P.S. - Virou esporte nacional na elite intelectual ironizar Lula, comparando o que ele defendia e o que está fazendo. Melhor ele ser incoerente com o passado, mas coerente com um futuro de estabilidade, para evitar uma tragédia. Ainda desconfio, e muito, da capacidade de Lula de resistir às pressões sociais, de administrar conflitos e de operar a máquina governamental. Mas merece registro que, até aqui, ele vem desarmando habilmente os espíritos. A sorte dele é não haver na oposição algo parecido com o PT.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/gilberto/gd161202.htm



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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cine Direitos Humanos




Filmes

Aqui você encontra todos os filmes da Mostra deste ano, com sinopses, fichas técnicas e salas de exibição.
Caso você queira fazer uma busca específica, utilize os campos à direita.

"Preâmbulo"
Matar A Todos
Estebán Schroeder (Chile / Argentina / Uruguai, 97min, 2007)
Artigo 1 "Universalidade"
Direitos Humanos
Kiko Goifman, Marcelo Caetano e Julio Taubkin (Brasil, 19min, 2006)
Artigo 1 "Fraternidade"
O Tempo E O Sangue
Alejandra Almirón (Argentina, 65min, 2004)
Artigo 2 "Não à Discriminação"
Em Primeira Página
Pablo Mogrovejo (Equador, 22min, 2007)
Negro E Argentino
Patrício Salgado (Brasil, 5min, 2006)
Artigo 3 "Direito à Vida"
Cándido López, Campos De Batalha
José Luis Garcia (Paraguai / Argentina, 102min, 2005)
Artigo 4 "Não à Escravidão"
Nas Terras Do Bem-Virá
Alexandre Rampazzo (Brasil, 110min, 2007)
Artigo 5 "Não à Tortura"
Memória Para Uso Diário
Beth Formaggini (Brasil, 94min, 2007)
Artigo 6 "Direito de Pessoa"
Comunidades Cativas, Queremos Ser Livres
Alfredo Ovando (Bolívia, 29min, 2007)
Artigo 7 "Igualdade Perante A Lei"
Arcana
Cristóbal Vicente (Chile, 83min, 2006)
Artigo 8 "Direito à Reparação"
El Caracazo
Roman Chalbaud (Venezuela, 107min, 2005)
Artigo 9 "Não à Arbitrariedade"
Reinalda Del Carmen, Minha Mãe E Eu
Lorena Giachino Torréns (Chile, 85min, 2006)
Artigo 10 "Acesso à Justiça"
Uma História Severina
Debora Diniz y Eliane Brum (Brasil, 23min, 2005)
Artigo 11 "Inocência Presumida"
Você Também Pode Dar Um Presunto Legal
Sérgio Muniz (Brasil, 39min, 1971)
Artigo 12 "Direito à Privacidade"
Sexo E Claustro
Claudia Priscilla (Brasil, 12min, 2005)
Artigo 13 "Direito de Ir e Vir"
Do Outro Lado
Natalia Almada (México, 70min, 2005)
Artigo 14 "Direito de Asilo"
Asilados
Gonzalo Rodríguez (Uruguai, 49min, 2007)
Artigo 15 "Direito à Nacionalidade"
Pirinop, Meu Primeiro Contato
Karané Ikpeng (Brasil, 82min, 2007)
Artigo 16 "Direito à Família"
Mães Com Rodas
Mario Piazza e Mónica Chirife (Argentina, 70min, 2006)
Artigo 17 "Direito à Propriedade"
Histórias De Morar E Demolições
André Costa (Brasil, 56min, 2007)
Artigo 18 "Liberdade de Pensamento e Crença"
Imbé Gikegü, Cheiro De Pequi
Coletivo Kuikuro (Brasil, 36min, 2006)
Artigo 19 "Liberdade de Expressão"
A Cidade Dos Fotógrafos
Sebastián Moreno (Chile, 80min, 2006)
Artigo 20 "Liberdade de Reunião"
Às Cinco Horas Em Ponto
José Pedro Charlo (Uruguai, 60min, 2004)
Artigo 21 "Direito à Participação"
Tambogrande: Mangas, Morte, Mineração
Ernesto Cabellos e Stephanie Boyd (Peru / Canadá, 85min, 2007)
Artigo 22 "Direitos Econômicos"
Inal Mama, O Sagrado E O Profano
Eduardo López Zavala (Bolívia, 52min, 2007)
Artigo 23 "Direito Ao Trabalho"
Eu Vou De Volta
Camilo Cavalcante e Cláudio Assis (Brasil, 54min, 2007)
Artigo 24 "Direito Ao Lazer"
La Matinée
Sebástian Bednarik (Uruguai, 78min, 2006)
Artigo 25 "Direito Ao Bem-Estar"
Xinã Bena, Novos Tempos
Zezinho Yube (Brasil, 52min, 2006)
Artigo 25 "Proteção à Infância e à Adolescência"
Rua Acima, Rua Abaixo
Lina Arboleda e Adrian Franco (Colômbia, 27min, 2005)
Artigo 26 "Direito à Educação"
Discriminação, Minorias E Racismo
Marcelo Caetano (Brasil, 20min, 2006)
Artigo 27 "Direito à Vida Cultural"
Estrelas
Federico León (Argentina, 64min, 2007)
Artigo 28 "Ordem Internacional"
9-11 / 9-11
Mel Chin (Chile / EUA, 24min, 2007)
Artigo 29 "Deveres com a Comunidade"
Waika
José Antonio Elizeche (Paraguai, 28min, 2007)
Artigo 30 "Não às Ditaduras"
Condor
Roberto Mader (Brasil, 106min, 2007)
Fernando Solanas
A Dignidade Dos Ninguéns
Fernando E. Solanas (Argentina / Brasil / Alemanha, 120min, 2005)
Argentina Latente
Fernando E. Solanas (Argentina / Espanha / França, 100min, 2007)
Memória Do Saque
Fernando E. Solanas (Argentina / França / Suíça, 120min, 2003)


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A história dos Direitos Humanos

Documentário produzido por United for the Human Rights
www.humanrights.com





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Direitos Humanos

O vídeo tem como temática a questão dos Direitos Humanos, buscando conceituá-lo, delimitar sua abrangência, apresentar ações e desmistificar alguns pontos que envolvem tal conceito.

Entrevistas de: Celso Lafer, Rita Braun, Dalmo Dallari e Rose Nogueira.

Roteiro: Marcelo Caetano
Direção: Kiko Goifman
Co-Direção: Marcelo Caetano e Julio Taubkin
Fotografia: Julio Taubkin
Som: Patricio Salgado e Pedro Marques
Editor: Julio Taubkin
Coordenação do Projeto: Eduardo Bittar
Assistentes: Denise Carvalho e Gorete Marques

Produção: PALEOTV
Créditos: PALEOTV e ANDHEP
Apoio: Comissão Teotônio Vilela (CTV) e Núcleo de Estudos da Violência
da USP (NEV/USP)

Financiado por: Fundação Ford








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domingo, 20 de maio de 2012

Leitura fundamental para todos nós

Resumo: O livro Gangues, Gênero e Juventudes: donas de rocha e sujeitos cabulosos explora o universo das gangues de pichadores no Distrito Federal, analisando seus discursos e vivências. Apresenta um elenco variado de temas, com ênfase na questão de gênero e nas construções transversais de masculinidades e feminilidades. O estudo desenvolveu-se por meio da observação de campo, da realização de entrevistas e grupos focais, de contatos na rede virtual e de pesquisa bibliográfica.
As relações e representações de gênero assumem contornos específicos na cultura das gangues brasilienses, indicando configurações peculiares adotadas por seus integrantes, informadas também por códigos de resistência e de violência. Seu cotidiano, perpassado por pichações, festas (frevos), drogas e disputas entre gangues (guerras), complexifica-se ao incorporar novos espaços de interação, como a internet, estendendo-se para além da tradicional territorialidade das ruas e muros. A circulação por instituições, como família, escola e polícia – e os conflitos daí derivados – é igualmente investigada.
De um modo geral, esses grupos juvenis trazem marcadamente elementos como a busca por reconhecimento, a exaltação do sentimento de pertença e a aquisição de prestígio. Dentro desse contexto, enfatizam-se, nas dinâmicas entre e intra gangues, valores como coragem, fama e lealdade ao próprio grupo, os quais norteiam a proeminência conferida às identidades de donas de rocha e sujeitos cabulosos, categorias de feminino e de masculino que sintetizam o ideal do ser gangueiro.



http://portal.mj.gov.br/sedh/biblioteca/livro_gangues_sem_a_marca.pdf

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Direitos Humanos

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domingo, 13 de maio de 2012

Calvin


calvin

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sábado, 12 de maio de 2012

Documentário OCDE - Crescimento do Brasil no PISA



Qualidade e investimento? Ovo ou a galinha?
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Conhecimento didático: a base da sala de aula

http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/base-sala-aula-428564.shtml

Saiba como as ciências que estudam as relações entre o objeto de estudo, o aluno e o professor ajudam a ensinar melhor cada um dos conteúdos escolares

Paola Gentile (pagentile@abril.com.br)
Como ensinar os alunos a resolver problemas de adição e subtração? O que fazer para que as crianças leiam cada vez melhor por si mesmas? O que propor quando os estudantes têm dificuldade de entender um texto sobre Ciências? Perguntas como essas são feitas diariamente por professores nas salas de aula do mundo afora. Todas elas são relacionadas às didáticas específicas, conhecimento que, infelizmente, não faz parte da maioria dos currículos de formação docente (não confundir com a disciplina conhecida como Didática Geral, que aparece em mais de 80% das faculdades de Pedagogia e na qual são vistas as teorias gerais da Educação e a história dos fundamentos pedagógicos - e um pouco sobre planejamento e avaliação).

O conhecimento sobre as didáticas específicas, que deveria ser a verdadeira matéria-prima do trabalho do professor (a única forma de garantir o aprendizado), existe e, muito lentamente, começa a ser incorporado às escolas. Hoje, sabe-se que os alunos sempre têm alguma, ou muita, informação sobre o objeto de ensino que será trabalhado em classe. Portanto, é preciso levar isso em conta na hora de planejar e propor atividades - em vez de ficar simplesmente reproduzindo um mesmo método como se a turma fosse 100% homogênea, tanto em termos de conhecimentos prévios como na capacidade de avançar. "É por isso que as metodologias vigentes têm sido tão criticadas e a existência de uma didática única está colocada em xeque", diz Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Ou seja, há didáticas específicas (no plural) porque não apenas o jeito de ensinar Geografia é diferente do de ensinar História, mas porque dentro da própria disciplina há formas mais eficientes de trabalhar cada conteúdo. Quer um exemplo simples? Que tal, nas aulas de Educação Física, jogar futebol do mesmo jeito que basquete? Se isso não funciona, por que, então, se usam estratégias semelhantes para fazer a turma aprender frações e geometria, quando se sabe que os alunos constroem cada um desses conceitos de uma maneira? Infelizmente, em Educação, o conhecimento didático ainda não é visto como ciência (fruto de pesquisas sérias): "A idéia de compartilhar as novas teorias e práticas não é tão difundida quanto nas outras áreas do conhecimento", afirma o francês Gérard Vergnaud, um dos maiores especialistas em didática. "Muitos ainda resistem às descobertas por acreditar que basta repetir o que é feito há séculos."

Da análise à prática

Na América do Sul, o país mais avançado em termos de pesquisa didática é a Argentina. NOVA ESCOLA esteve em Buenos Aires para acompanhar os trabalhos desenvolvidos nas áreas de Língua, Matemática e Ciências. E descobriu que é justamente a rapidez com que os resultados dos estudos chegam às salas de aula o diferencial dos nossos vizinhos. "Falta aumentar a abrangência dessa divulgação", diz Patricia Sadovsky, doutora em didática da Matemática pela Universidade de Buenos Aires e uma das orientadoras mais ativas de projetos nessa área.

Segundo Delia Lerner, investigadora do Instituto de Ciências da Educação da Universidade de Buenos Aires, os conhecimentos didáticos não derivam diretamente das ciências de referência, ainda que se apóiem nos saberes produzidos, por exemplo, nas áreas de Psicologia e Lingüística, para elaborar hipóteses didáticas: "As didáticas específicas se ocupam do estudo rigoroso de projetos de ensino realizados em sala de aula e estão centrados na análise das interações que se produzem entre o professor, o aluno e o conteúdo em questão". O objetivo é, então, compreender as relações entre o ensino e a aprendizagem de certos conteúdos específicos, estudá-las e produzir conhecimento teórico (leia no quadro acima como é feita uma pesquisa didática intervencionista).

O produto desses estudos serve para variados fins: é subsídio para novas pesquisas - já que a conclusão de uma delas levanta diversas outras dúvidas; orienta equipes que elaboram diretrizes curriculares; dá fundamentos para cursos de formação de professores; e é referência para que os docentes planejem projetos e seqüências didáticas que serão usadas posteriormente em sala de aula.

"Nossos estudos dão certo porque todos os pesquisadores têm contato direto com a escola, seja na elaboração do currículo dos cursos de formação continuada, seja como capacitadores da rede pública, seja como professores da Educação Básica", resume Patricia (ela, por exemplo, dirige grupos de investigação no Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação da Província de Buenos Aires e no Centro de Pedagogia de Antecipação, que se dedica à capacitação em serviço dos educadores). Além disso, a prefeitura de Buenos Aires costuma disponibilizar na internet os currículos de todas as séries, divididos por disciplina e com as seqüências didáticas, muitas delas elaboradas com base nos resultados das pesquisas.

Outras formas de divulgar o conhecimento didático são a troca de informações entre professores e a publicação de livros. No primeiro caso, o trabalho de Claudia Molinari é exemplar. Ela leciona Didática de Leitura e Escrita na Universidade Nacional de La Plata e dirige um grupo de coordenadoras pedagógicas e professoras que fazem as pesquisas nas escolas em que trabalham. Assim, são produzidos conhecimentos didáticos durante as atividades de formação continuada. "Nossas conclusões são discutidas no horário de trabalho coletivo." (Leia mais no quadro da página ao lado.) Já o grupo de Ana Maria Espinoza, do departamento de Ciências da Educação da Universidade de Buenos Aires, está concluindo a edição do material com as conclusões sobre como os alunos compreendem os textos didáticos nas aulas de Ciências Naturais.

Graças a essa contínua produção de conhecimento, os principais pesquisadores argentinos têm sido constantemente convidados a vir ao Brasil para dar palestras e realizar jornadas de trabalho com coordenadores pedagógicos e professores tanto de redes públicas como de instituições privadas. Por aqui, infelizmente, ainda não há projetos sistemáticos nessa área, apenas algumas iniciativas pontuais (saiba mais no quadro acima).

Nasce uma pesquisa
Os primeiros a realizar pesquisas didáticas foram os franceses, que buscavam uma forma mais adequada de ensinar Matemática. O grupo liderado por Guy Brousseau fez as primeiras explorações nos anos 1970. Atualmente, os principais centros de produção de conhecimento didático estão na França, na Suíça e no Canadá, além da Argentina.

Existem dois tipos de pesquisa didática: a naturalista, que analisa uma prática já utilizada em sala de aula, e a intervencionista, que estuda a interação entre professor, aluno e conteúdo por meio de projetos de ensino, seqüências didáticas e atividades elaboradas com essa finalidade. Em ambos os casos, o objeto de investigação é escolhido com base em problemas de ensino e aprendizagem.

Adriana Casamajor, Egle Pitton e Silvina Muzzanti, investigadoras do grupo de Ana Espinoza, contam que o tema de estudo nasceu de uma inquietação dos professores: a idéia, amplamente difundida nas escolas argentinas, de que os estudantes não entendem os textos didáticos de Ciências por ter dificuldades em Língua (o trabalho, aliás, concluiu que os livros didáticos usam termos que muitas vezes não são compreendidos pelas crianças e as analogias usadas pelos autores não ajudam a esclarecer os conceitos. Portanto, o professor deve fazer intervenções para facilitar a compreensão).

As pesquisas nas áreas de Alfabetização inicial, Leitura e Escrita, Matemática e Ciências são as mais avançadas atualmente. Mesmo assim, ainda existem muitos conteúdos inexplorados. Sem falar nas outras disciplinas... "Até porque cada investigação gera novas dúvidas e levanta diversos outros problemas de aprendizagem. Nos nossos relatos finais, fazemos questão de deixar explícito que as conclusões estão em aberto e sujeitas a novas análises", destaca Mirta Castedo, da Universidade de La Plata. Quem se habilita?
As etapas de uma boa pesquisa 
A pesquisa intervencionista, também conhecida como engenharia didática, geralmente é feita por alunos de pós-graduação e coordenada por seus orientadores. Especialistas nos conteúdos estudados podem ser convidados a participar do grupo, que passa pelas seguintes fases:

Escolha do tema Os resultados de pesquisas nas ciências de referência, de avaliações e a observação de dificuldades de ensino e aprendizagem são as principais fontes dos pesquisadores.

Análise preliminar É fundamental conhecer bem o conteúdo, buscando bibliografia sobre ele, fazer o mapeamento de como ele é usualmente ensinado e saber se há pesquisas psicogenéticas sobre as concepções dos alunos em relação ao objeto do conhecimento.

Envolvimento da escola 
A pesquisa deve ser feita em sala de aula. Por isso, é fundamental envolver os professores, chamando-os a participar das discussões desde o início do grupo.

Elaboração da seqüência
É feita com o conhecimento didático já existente e das hipóteses subjacentes à investigação.

Trabalho de campo
Os professores regulares desenvolvem a seqüência em classe. Entrevistas clínico-didáticas com os alunos podem ser feitas pelos pesquisadores para colher subsídios para a manutenção ou reelaboração de algumas atividades da seqüência.

Registro e transcrição
Todo o trabalho é documentado em áudio (as intervenções do professor e dos alunos ajudam a entender como se constrói o conhecimento), assim como o planejamento e as discussões após a realização das atividades.

Análise comparativa
Quais as semelhanças e as diferenças dos resultados obtidos no trabalho de uma mesma seqüência didática em diferentes salas? É hora das comparações e análises estatísticas e qualitativas sobre a diversidade de respostas e os progressos obtidos.
Conclusão 
A equipe sistematiza as conclusões - sempre provisórias - e utiliza o resultado para reformular a seqüência. Novas descobertas sobre como o aluno aprende podem fornecer material para outras investigações.
Isso sim é formação em serviço
Na cidade de La Plata, parte dos novos saberes didáticos nasce durante atividades de formação continuada. Coordenadoras pedagógicas são capacitadas na universidade local para trabalhar juntamente com o corpo docente e criar atividades e seqüências para uso nas escolas. "Os professores registram tudo o que acontece em sala e analisamos os resultados", conta Andrea Ocampo, vice-diretora e coordenadora pedagógica do Jardín de Infantes Nuestra Señora del Valle. As experiências bem-sucedidas são apresentadas nos cursos de formação e publicadas em apostilas. Para manter esse acompanhamento permanente, Andrea faz um planejamento detalhado do ano letivo, prevendo situações que possam ser trabalhadas. A coordenadora acompanha os professores em classe pelo menos duas vezes por semana. Na pré-escola da Escuela Joaquim V. Gonzáles, ligada à Universidade Nacional de La Plata, a equipe se reúne uma vez por mês, por três horas, para revisar as situações planejadas. "Quando temos um impasse no processo de alfabetização, buscamos nas teorias da psicogênese e da lingüística formas de entender como a criança aprende e entrevistamos os alunos", conta Graciela Brena, formadora de professores.
No Brasil, um embrião de pesquisa
Cerca de 3,5 mil alunos de 38 faculdades de Pedagogia que fazem estágio na rede estadual de São Paulo terão uma nova visão da prática de sala de aula. Uma parceria entre ela e a Secretaria de Estado da Educação transformou os futuros professores em alunospesquisadores, que levam para as turmas dos primeiros anos do Ensino Fundamental atividades planejadas com a supervisão de seus orientadores (que, por sua vez, recebem capacitação periódica de Delia Lerner). Todos registram as falas dos estudantes e depois as analisam na faculdade. "É um estágio de intervenção, não de observação passiva, como se faz normalmente", destaca Marisa Garcia, formadora do Programa Ler e Escrever, criado pela Secretaria para melhorar a leitura e a escrita dos alunos e ao qual o programa é atrelado. Ellis França, professora da Faculdade Santa Marina, de São Paulo, orienta 30 alunas, com as quais se reúne duas vezes por semana para discutir as experiências de sala de aula. Os universitários escolhem uma das quatro situações didáticas predefinidas (leitura do professor para o aluno, atividades de cópia e ditado, atividades de leitura e escrita e produção oral com destino escrito). No fim do ano, as produções das faculdades serão analisadas, compiladas e ainda se estuda a melhor maneira de socializá-las.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA 
Ingeniería Didáctica en Educación Matemática, Michéle Artigue, Régine Douady e Luis Moreno, 152 págs., Ed. Grupo Editoria Iberoamérica
Ler e Escrever na Escola - o Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 120 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 36 reais 


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