sexta-feira, 25 de maio de 2012
Quanto custa seu filho?
Gilberto Dimenstein |
Um dos maiores disparates sociais brasileiros, divulgado na semana passada, custa R$ 7.000 por mês. Poucas cifras revelam com tanta precisão o desperdício de recursos públicos -e o perigo das ruas.
Um estudo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos informou que o custo para manter uma criança ou adolescente infrator internado chega, em alguns Estados, até a R$ 7.000 mensais. Essa quantia seria suficiente para manter um jovem em uma escola de elite suíça.
O gasto médio no país, de acordo com o estudo, é de R$ 4.000, aproximadamente quatro vezes o valor de uma mensalidade nas melhores escolas de ensino médio do Brasil. Dinheiro que, muitas vezes, é jogado fora. A taxa de reincidência é alta e, pior, frequentemente a internação serve de estágio de aperfeiçoamento "profissional" no crime.
Um dispêndio de R$ 7.000 é muito alto? A verdade dura de dizer e incômoda de ouvir é que ainda é pouco para recuperar um jovem contaminado pela delinquência.
Faça as contas.
Pais de classe média alta sabem como sai caro tratar corretamente um filho com dificuldade de aprendizado, mesmo suave: além de mensalidade escolar, exigem-se professores particulares, psicólogos ou psicopedagogos. Levando em conta todas as despesas educacionais -incluindo, por exemplo, material didático, livros, aulas de inglês-, o gasto final ultrapassa R$ 3.000 mensais.
Se o adolescente tiver associados à deficiência de aprendizado problemas de depressão ou decorrentes do consumo de drogas, demandando uma terapia mais intensa, o dispêndio facilmente atingirá os R$ 4.000.
Existem mais valores embutidos nessa soma. Crianças e adolescentes de classe média desfrutam de museus, teatros, cinemas, livros, exposições, o que, obviamente, não é de graça. Há também um valor inestimável e, claro, um dos mais importantes: o apoio da família, que os ajuda a desenvolver um projeto de vida.
Imagine, então, a dificuldade de recuperar um jovem de baixa escolaridade, contaminado pelas drogas, filho de uma família desestruturada, que vive em comunidades onde os traficantes são heróis e os policiais são corruptos e onde, além disso, impera o desemprego.
Vivemos numa sociedade que já começa a exigir de faxineiros um diploma de segundo grau (e sem exagero) e que, ao mesmo tempo, oferece a um professor universitário em início de carreira menos de R$ 3.000 mensais. Em contrapartida, um iniciante no tráfico consegue faturar, por mês, R$ 1.500 numa favela do Rio de Janeiro ou de São Paulo.
A verdade -que, mais uma vez, quase ninguém gosta de reconhecer- é que, exceções à parte, não existem recursos suficientes para recuperar adequadamente jovens depois de determinado estágio de delinquência, tantos são os focos a serem atacados ao mesmo tempo. A sociedade trata de exterminá-los -seja pelo homicídio, seja pelas doenças- do jeito mais "barato".
Dois dias depois da divulgação do estudo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, divulgou-se, com mais precisão, o tamanho do problema. Um documento do Unicef informou que, dos 21 milhões de jovens brasileiros de 12 a 17 anos, 8 milhões (38%) vivem em áreas de risco.
Eis a matemática do terror infanto-juvenil: 1,3 milhão de jovens, entre aqueles 8 milhões, são analfabetos ou semi-analfabetos; 3 milhões deles não estão na escola; 2 milhões, que estão na faixa etária de dez a 14 anos, estudam e trabalham; 3,2 milhões, com idades entre 15 e 17 anos, somente trabalham. Aí estão os candidatos a viver na fronteira da irreversibilidade.
O tema da segurança encheu os discursos de campanha nas últimas eleições. Mas, desde a vitória de Lula, fala-se, basicamente, da governabilidade política e econômica, e não da governabilidade das ruas.
Como se viu com mais clareza na semana passada, o interesse está focado em quem adere ao novo governo (e no que ganha para aderir), em quem vai comandar a economia e em quais serão as estratégias macroeconômicas -por aí, e não pelos discursos, é que se mede a prioridade da elite. Vigora a antiga lógica de que o econômico está acima do social.
Até agora não se acenou com uma só proposta para evitar que um adolescente custe aos cofres públicos R$ 7.000 por mês, não seja recuperado e ainda se torne mais ameaçador.
P.S. - Virou esporte nacional na elite intelectual ironizar Lula, comparando o que ele defendia e o que está fazendo. Melhor ele ser incoerente com o passado, mas coerente com um futuro de estabilidade, para evitar uma tragédia. Ainda desconfio, e muito, da capacidade de Lula de resistir às pressões sociais, de administrar conflitos e de operar a máquina governamental. Mas merece registro que, até aqui, ele vem desarmando habilmente os espíritos. A sorte dele é não haver na oposição algo parecido com o PT.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/gilberto/gd161202.htm
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Cine Direitos Humanos
Aqui você encontra todos os filmes da Mostra deste ano, com sinopses, fichas técnicas e salas de exibição.
Caso você queira fazer uma busca específica, utilize os campos à direita.
- Matar A Todos
- Estebán Schroeder (Chile / Argentina / Uruguai, 97min, 2007)
- Direitos Humanos
- Kiko Goifman, Marcelo Caetano e Julio Taubkin (Brasil, 19min, 2006)
- O Tempo E O Sangue
- Alejandra Almirón (Argentina, 65min, 2004)
- Em Primeira Página
- Pablo Mogrovejo (Equador, 22min, 2007)
- Negro E Argentino
- Patrício Salgado (Brasil, 5min, 2006)
- Cándido López, Campos De Batalha
- José Luis Garcia (Paraguai / Argentina, 102min, 2005)
- Nas Terras Do Bem-Virá
- Alexandre Rampazzo (Brasil, 110min, 2007)
- Memória Para Uso Diário
- Beth Formaggini (Brasil, 94min, 2007)
- Comunidades Cativas, Queremos Ser Livres
- Alfredo Ovando (Bolívia, 29min, 2007)
- Arcana
- Cristóbal Vicente (Chile, 83min, 2006)
- El Caracazo
- Roman Chalbaud (Venezuela, 107min, 2005)
- Reinalda Del Carmen, Minha Mãe E Eu
- Lorena Giachino Torréns (Chile, 85min, 2006)
- Uma História Severina
- Debora Diniz y Eliane Brum (Brasil, 23min, 2005)
- Você Também Pode Dar Um Presunto Legal
- Sérgio Muniz (Brasil, 39min, 1971)
- Sexo E Claustro
- Claudia Priscilla (Brasil, 12min, 2005)
- Do Outro Lado
- Natalia Almada (México, 70min, 2005)
- Asilados
- Gonzalo Rodríguez (Uruguai, 49min, 2007)
- Pirinop, Meu Primeiro Contato
- Karané Ikpeng (Brasil, 82min, 2007)
- Mães Com Rodas
- Mario Piazza e Mónica Chirife (Argentina, 70min, 2006)
- Histórias De Morar E Demolições
- André Costa (Brasil, 56min, 2007)
- Imbé Gikegü, Cheiro De Pequi
- Coletivo Kuikuro (Brasil, 36min, 2006)
- A Cidade Dos Fotógrafos
- Sebastián Moreno (Chile, 80min, 2006)
- Às Cinco Horas Em Ponto
- José Pedro Charlo (Uruguai, 60min, 2004)
- Tambogrande: Mangas, Morte, Mineração
- Ernesto Cabellos e Stephanie Boyd (Peru / Canadá, 85min, 2007)
- Inal Mama, O Sagrado E O Profano
- Eduardo López Zavala (Bolívia, 52min, 2007)
- Eu Vou De Volta
- Camilo Cavalcante e Cláudio Assis (Brasil, 54min, 2007)
- La Matinée
- Sebástian Bednarik (Uruguai, 78min, 2006)
- Xinã Bena, Novos Tempos
- Zezinho Yube (Brasil, 52min, 2006)
- Rua Acima, Rua Abaixo
- Lina Arboleda e Adrian Franco (Colômbia, 27min, 2005)
- Discriminação, Minorias E Racismo
- Marcelo Caetano (Brasil, 20min, 2006)
- Estrelas
- Federico León (Argentina, 64min, 2007)
- 9-11 / 9-11
- Mel Chin (Chile / EUA, 24min, 2007)
- Waika
- José Antonio Elizeche (Paraguai, 28min, 2007)
- Condor
- Roberto Mader (Brasil, 106min, 2007)
- A Dignidade Dos Ninguéns
- Fernando E. Solanas (Argentina / Brasil / Alemanha, 120min, 2005)
- Argentina Latente
- Fernando E. Solanas (Argentina / Espanha / França, 100min, 2007)
- Memória Do Saque
- Fernando E. Solanas (Argentina / França / Suíça, 120min, 2003)
A história dos Direitos Humanos
Documentário produzido por United for the Human Rights
www.humanrights.com
Leia Mais ►
www.humanrights.com
Marcadores:
cidadania,
direitos humanos,
documentário,
Tema Interdisciplinar
Direitos Humanos
O vídeo tem como temática a questão dos Direitos Humanos, buscando conceituá-lo, delimitar sua abrangência, apresentar ações e desmistificar alguns pontos que envolvem tal conceito.
Entrevistas de: Celso Lafer, Rita Braun, Dalmo Dallari e Rose Nogueira.
Roteiro: Marcelo Caetano
Direção: Kiko Goifman
Co-Direção: Marcelo Caetano e Julio Taubkin
Fotografia: Julio Taubkin
Som: Patricio Salgado e Pedro Marques
Editor: Julio Taubkin
Coordenação do Projeto: Eduardo Bittar
Assistentes: Denise Carvalho e Gorete Marques
Produção: PALEOTV
Créditos: PALEOTV e ANDHEP
Apoio: Comissão Teotônio Vilela (CTV) e Núcleo de Estudos da Violência
da USP (NEV/USP)
Financiado por: Fundação Ford
Leia Mais ►
Entrevistas de: Celso Lafer, Rita Braun, Dalmo Dallari e Rose Nogueira.
Roteiro: Marcelo Caetano
Direção: Kiko Goifman
Co-Direção: Marcelo Caetano e Julio Taubkin
Fotografia: Julio Taubkin
Som: Patricio Salgado e Pedro Marques
Editor: Julio Taubkin
Coordenação do Projeto: Eduardo Bittar
Assistentes: Denise Carvalho e Gorete Marques
Produção: PALEOTV
Créditos: PALEOTV e ANDHEP
Apoio: Comissão Teotônio Vilela (CTV) e Núcleo de Estudos da Violência
da USP (NEV/USP)
Financiado por: Fundação Ford
domingo, 20 de maio de 2012
Leitura fundamental para todos nós
Resumo: O livro Gangues, Gênero e Juventudes: donas de rocha e sujeitos cabulosos explora o universo das gangues de pichadores no Distrito Federal, analisando seus discursos e vivências. Apresenta um elenco variado de temas, com ênfase na questão de gênero e nas construções transversais de masculinidades e feminilidades. O estudo desenvolveu-se por meio da observação de campo, da realização de entrevistas e grupos focais, de contatos na rede virtual e de pesquisa bibliográfica.
As relações e representações de gênero assumem contornos específicos na cultura das gangues brasilienses, indicando configurações peculiares adotadas por seus integrantes, informadas também por códigos de resistência e de violência. Seu cotidiano, perpassado por pichações, festas (frevos), drogas e disputas entre gangues (guerras), complexifica-se ao incorporar novos espaços de interação, como a internet, estendendo-se para além da tradicional territorialidade das ruas e muros. A circulação por instituições, como família, escola e polícia – e os conflitos daí derivados – é igualmente investigada.
De um modo geral, esses grupos juvenis trazem marcadamente elementos como a busca por reconhecimento, a exaltação do sentimento de pertença e a aquisição de prestígio. Dentro desse contexto, enfatizam-se, nas dinâmicas entre e intra gangues, valores como coragem, fama e lealdade ao próprio grupo, os quais norteiam a proeminência conferida às identidades de donas de rocha e sujeitos cabulosos, categorias de feminino e de masculino que sintetizam o ideal do ser gangueiro.
http://portal.mj.gov.br/sedh/biblioteca/livro_gangues_sem_a_marca.pdf
Direitos Humanos
Nosso tema interdisciplinar do 2º Bimestre!
TEIA Brasília 2008: Direitos Humanos: iguais na diferença por webbrasilindigena no Videolog.tv.
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TEIA Brasília 2008: Direitos Humanos: iguais na diferença por webbrasilindigena no Videolog.tv.
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